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quarta-feira, 4 de maio de 2016

É tempo de colheita - Araruta

Como colher e extrair o polvilho e a farinha de araruta


No interior das Minas Gerais, é comum o dito popular: "toda araruta tem seu dia de mingau", que alude ao fato de tudo ter seu destino traçado.

Araruta (Maranta arundinacea)
Consegui meus primeiros rizomas de araruta, de certa forma, graças ao destino: em 2005, recebi uma publicação da Embrapa Agrobiologia com o título: Araruta: Resgate de um Cultivo Tradicional (publicação aqui). Após ler a publicação, escrevi para a Fazendinha Agroecológica da Embrapa, perguntando sobre onde conseguir rizomas de araruta para cultivo. Para minha grata surpresa a Embrapa enviou-me 10 rizomas, cobrando somente o envio.

Plantei de imediato todos os rizomas que recebi. Desde então, ano após ano, no fim do mês de abril, começo de maio, quando as temperaturas começam a baixar no Sul de Minas, meu cultivo principia o amarelamento das folhas e as hastes das touceiras começam a tombar. Com estes dois sinais, sei que é hora de tirar da terra os rizomas da araruta.

Limpa a área a ser colhida, com a remoção de todas as hastes, dá-lhe enxadão na terra. E os rizomas vão surgindo, brancos e cônicos-alongados, alguns inteiros, outros cortados pela lamina do enxadão. Deixo sempre alguns rizomas na terra, pois assim, na primavera, estes brotarão e darão origem a novas plantas. Com isso, garanto a colheita do próximo ano, sempre farta!

1 - Processamento
1.1. Após a colheita dos rizomas
a) Lavar os rizomas, em água corrente, para remover as "cascas" e a sujeira;
b) Cortar os rizomas e bater com água no liquidificador;
c) Coar, em pano limpo, "lavando" o bagaço, recolhendo a água da coagem em uma bacia. Nesta água está o polvilho. No bagaço, que fica no pano, está a farinha;
d) Bater o bagaço com água novamente;
e) Coar mais uma vez;
f) Reservar o bagaço;

Rizomas de araruta lavados

1.2 - O polvilho
Para separar o polvilho da água:
a) Deixar a água que foi coada, que estará bem escura, repousar por 2 horas. Durante esse período, todo o polvilho irá decantar e assentar no fundo da bacia;
b) Escorrer a água em um balde, delicadamente, de modo a agitá-la o mínimo possível, de forma a deixar o polvilho no fundo da bacia. Reservar a água que sobrou para regar as plantas (veja mais abaixo);
c) Repetir os passos a e b, quantas vezes for necessário, até a água sobre o polvilho ficar transparente;

Separado o polvilho, colocar para secar, sobre uma superfície limpa, cobrindo com um tule ou um voal. De tempos em tempos, revolver o polvilho, desfazendo os torrões para secarem por inteiro. Se o sol estiver forte, o polvilho estará seco em 2 dias.

Polvilho após a secagem ao sol
Seco, basta peneirar, em uma peneira de trama média e depois em uma peneira de trama fina. Outra opção, é peneirar e, posteriormente, bater o polvilho no liquidificador. Guardar em vasilha limpa, seca e bem fechada.

O polvilho de araruta, mais fino e delicado que os demais, presta a inúmeros preparados que, literalmente, derretem na boca, como mingau, bolos, brevidades e cremes. Sendo de fácil digestão e fácil capacidade de gelificação, características estas não presentes no polvilho de mandioca ou de milho.

1.3 - A farinha
Para extrair a farinha:
a) Secar o bagaço ao sol;
b) Passar o bagaço seco por uma peneira de trama média. Se você gostar de uma farinha mais fina, peneirar novamente em peneira de trama fina;
c) Torrar a farinha em uma panela, ou no forno, ao ponto que desejar, sem, no entanto, deixar queimá-la.

Guardar a farinha em vasilha limpa, seca e bem fechada.

A farinha pode ser usada em farofas e pirão. Seu rendimento é menor que o polvilho, por isso, é costume usar a farinha de araruta em conjunto com farinha de milho ou mandioca.

2 - Aproveitamento dos rejeitos
O que sobrou da colheita e do processamento da araruta pode ser aproveitado da seguinte maneira:
a) Hastes das touceiras: podem ser passadas por um triturador e usadas como cobertura de solo, preferencialmente no local onde os rizomas foram removidos;
b) Cascas dos rizomas: podem ser colocadas na composteira ou minhocário;
c) Água da lavagem do polvilho: Por ser rica em fósforo e outros nutrientes, podemos usá-la para regar nossas plantas, na proporção de 1 litro de água de polvilho para 9 litros de água limpa. Regar a base das plantas, de 20 em 20 dias.
Fibra restante do processo de extração da farinha
d) Fibra do processamento da farinha: colocar em algum canto protegido da horta, para que os passarinhos utilizem em seus ninhos, ou coloque na composteira ou minhocário.

Mais detalhes da colheita e extração do polvilho e farinha no vídeo abaixo:


No vídeo, para ir direto a extração do polvilho, clique aqui. Para ir direto a extração da farinha, clique aqui.

7 comentários:

Campos disse...

Muito bom, gostei muito do vidio

Unknown disse...

Não conhecia a planta araruta achei muito interessante gostaria de saber se você poderia me enviar uma mudinha adoro plantas e achei muito interessante por gentileza gostaria muito ser nao for abuso de minha parte por favor muito obrigado espero anciosa por sua resposta

Unknown disse...

Parabéns, excelente vídeo, muito didático e informativo.

Neco Torquato Villela disse...

Olá Manuel,

Grato pela força!

Abraço

djane disse...

Gostei pois eu estava anciosa para saber mais sobre à o tempo da colheita ,as minhas plantei em baldes e estão dando flores !

Neco Torquato Villela disse...

Olá Djane,

A colheita é feita quando a parte aérea da planta começa a murchar/tombar. Isso ocorre antes do inverno. Mas, se vc plantou a pouco tempo, provavelmente terá que aguardar mais um pouco, até que as folhas murchem, o que deve ocorrer depois da floração.

Boa sorte!

Araruta da Bahia disse...

Vendemos a muda(rizomas) e o polvilho de araruta através do site: www.ararutadabahia.loja2.com.br

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